sexta-feira, 3 de novembro de 2017

A Ilha dos Mortos: Novo fôlego



Depois da espetacular batalha em Senhora dos Mortos, era difícil imaginar como a saga d'As Crônicas dos Mortos poderia prosseguir sem cair na armadilha do "mais do mesmo". No final do volume anterior, os habitantes do Condomínio Colinas migraram para Ilhabela, e tudo dava a crer que a nova ambientação deste terror de sobrevivência se resumiria à interminável liderança de Ivan e Estela na batalha contra os mortos-vivos, o que já estava começando a dar sinais de desgaste.

Felizmente, Rodrigo de Oliveira soube se reinventar, e da melhor maneira possível. Anos se passam desde que os habitantes do Condomínio Colinas foram expulsos de seu lar por Jezebel, e somos apresentados à próxima geração de sobreviventes. Agora os filhos de Ivan e Estela estão adultos, e grande parte da trama é focada neles. Em capítulos verdadeiramente emocionantes, são inseridos os fatos mais marcantes que se desenrolaram nessa passagem de tempo. Além do já aclamado estilo de escrita, que mistura terror com ação, Rodrigo de Oliveira também desenvolve um pouco seu lado inexplorado de escritor policial, com alguns mistérios que vão sendo solucionados aos poucos. No final do livro também há uma reviravolta surpreendente, do tipo que com certeza nenhum leitor esperaria.

Mas nem tudo são flores em A Ilha dos Mortos. Apesar do talento de Rodrigo de Oliveira para criar um enredo envolvente e criar cenas de ação e descrições detalhadas, os diálogos entre os personagens ainda sofrem um pouco. É comum, nas conversas, situações que não teriam muito sentido no mundo real. Diálogos forçados e frases clichês ainda são uma constante neste quarto livro da saga. Em várias cenas, por exemplo, Ivan diz algo que era pra ser engraçado e que causa gargalhadas em vários personagens, mas que não faz nem cócegas no leitor.

Esse, talvez, seja o único defeito de a Ilha dos Mortos, que é o melhor livro da saga até agora. Felizmente, o autor não caiu numa armadilha de enredo, ao levar todos os habitantes para uma ilha. Mesmo assim, fica aquela sensação de que a saga poderia ter terminado aqui. Rodrigo de Oliveira, aparentemente, avançará mais algumas gerações para o quinto e último volume da série. Como ele, porém, soube "sobreviver" muito bem depois do terceiro livro, reinventando os personagens e dando novo fôlego às Crônicas dos Mortos, não será de surpreender se A Era dos Mortos fechar a saga com chave de ouro, tornando esta uma das melhores (senão a melhor) história de zumbis já publicada.

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