segunda-feira, 2 de junho de 2008

Desabafos da Meia-Noite...


Mais um domingo à noite e mais uma vez estou depressivo. Tentei dormir, mas os pensamentos aparecem aos turbilhões, como uma tempestade violenta, em que a chuva não pára de cair. A verdade é que me sinto muito sozinho. Tão sozinho quanto jamais estive. Tenho tantas pessoas ao meu redor, mas não tenho absolutamente ninguém.

Dentre os pensamentos que me passaram pela cabeça, veio o questionamento do sentido da vida (este é um clássico!). Logo descobri, neste momento de fraqueza, depois de anos tentando entender: o que dá sentido à vida de uma pessoa é o quão ela se sente amada. Isso mostra como a vida social de uma pessoa é importante. Isso explica por que os jovens (com exceção de mim, talvez) são tão alegres, por que os religiosos são tão felizes, já que não importa quantas pessoas tenham perto de si, há sempre o amor de Deus. Isso explica também por que doentes esquecem suas dores quando estão numa conversa.

Minha tristeza começou há algum tempo, quando comecei a estudar alguns filósofos e, a partir deles, avaliar minha vida. Estava equivocado quem disse certa vez que a verdade liberta: eu era feliz em minha ignorância. Não posso sentir falta do azul se só conheço o amarelo. Agora estou preso na cela da luz do conhecimento: tudo que acreditava, tudo pelo que esperava, tudo pelo que vivia, me foi tirado! Me foi tirado pela verdade! Bem dizia Oscar Wilde que "a verdade raramente é pura e jamais simples".

Voltando à questão inicial, o fato de perceber que embora tenha tantos amigos sou um ser completamente sozinho me deu uma profunda dor de cabeça, ocasionada pela tristeza. Tudo o que eu queria neste momento era que algum amigo me chamasse para sair, para conhecer gente nova e, assim, aumentar minhas chances de ser amado - ou mesmo temido; o que não dá pra suportar é a indiferentça -, mas meu telefone não toca. Nessas horas me sinto como Dom Casmurro, célebre personagem de Machado de Assis. Será que minha vida continuará assim, tão solitária como os últimos dias de Bentinho? Não que haja uma total semelhança. Bentinho teve um grande amor à sua disposição desde criança. Eu, o que tenho, agora que ingressei na fase adulta da vida?

Não entremos em questões unicamente amorosas. Se a pessoa que eu amo também me amasse da mesma forma talvez eu não estivesse sentindo este vazio dentro de mim, mas este não é o ponto central. A questão é que pensar que estou sozinho no mundo me deixa aflito. Meus amigos dizem que não. Mas eles não sabem o que sinto, têm seus suficientes problemas para se preocuparem com os meus. Não os culpo por isso, é claro. É este fardo, afinal, que chamam de solidão existencial. Solidão.

Tenho medo de passar a vida toda assim. Ou pelo menos me sentindo assim. Tudo o que preciso é que alguém me mostre o caminho (é por isso que as pessoas pagam psicólogos!), que esta noite sem fim que é minha vida atual acabe e faça-se, assim, o Sol! Tudo o que preciso é de um abraço forte - de quem quer que seja, de palavras amigas, de lições de vida, já que acho que não sei viver bem o suficiente. Tudo o que preciso para que a solidão vá embora é amor.

Quem diria que depois de rabiscar estas folhas em plena madrugada eu descobriria que o sentido da vida é a sensação de que se é amado e que seu extremo oposto é a solidão... Fico feliz por isso. Uma coisa boa em meio a tantas trevas. Porém ainda estou sozinho, o sentido da minha vida ainda está distante e minha dor-de-cabeça continua. Mas estou aliviado por ter compartilhado minha dor com o lápis e o papel.

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