quarta-feira, 2 de julho de 2008

É filme ou é jogo?


“O uso da cutscene significa a injeção de um material puramente contemplativo em uma experiência que é essencialmente cinética”. Assim começa um editorial do cabeçudo Gamasutra sobre o uso de cutscenes nos games. Cutscenes, para os não-iniciados, são aquelas partes dos games que servem para contar a história, onde você não joga, só assiste. O equivalente no cinema seria a hora que o vilão, antes de dar o golpe final no mocinho, resolve dizer ou o plano de dominação mundial ou os motivos de ele estar fazendo isso. A ação pára de forma que o plot faça sentido. Tem gente que adora as tais. Eu sou médio-fã. Como gosto de Halo, às vezes ficava torcendo (especialmente na história maluca que é Halo 2) pra que a ação parasse e me explicassem o que diabos estava acontecendo.


Mas será que não andam exagerando nas cutscenes, agora que temos tecnologia para fazer seqüências de fato cinematográficas? O editorial no Gamasutra é motivado, ao que me parece, pelo Metal Gear Solid IV, junto com GTA IV (notem o padrão) o mais falado jogo do ano. Antes de você controlar Solid Snake pela primeira vez é necessário ouvir quase 20 minutos de blábláblá. Há uma cena que dura mais de meia hora. Não será demais? Será que realmente o videogame fica tentando se aproximar do cinema dessa maneira meio artificial? Em Star Wars: Knights of the Old Republic, um RPG que na minha opinião tem uma história melhor que qualquer filme da série, o roteiro mesmo é construído (e contado) pelo jogador, durante as fases. Mesma coisa acontece com Half-Life, onde você vai entendendo o que aconteceu à medida que encontra sobreviventes, ou simplesmente passa pela base militar detonada no início. Até mesmo em Bioshock as cutscentes são pequenas e a história genial. E esse jogo, não à toa tão incensado pela crítica, tem o que eu acho o ideal: se você quiser entrar mais no mundo, entender a história, pode ficar ouvindo as gravações dos ex-habitantes da cidade Rapture nos rádios perdidos. Enfim, acho que cutscenes podem ser legais, mas essa ânsia de parecer cinema faz o videogame perder sua função como mídia. Fãs de Metal Gear e Final Fantasy devem discordar de mim. Mas apenas uma história excelente não faz um jogo genial, mas a opção de fazer os combos mais maneiros (Kratos eu estou olhando para você) sim.

Por Pedro Burgos, no site da Super.

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